A população mundial apresentou um crescente processo de envelhecimento nas últimas décadas, o que tornou a área da geriatria um campo importante de pesquisas e intervenções. No Brasil, particularmente, a população idosa se destaca, pois de acordo com o último censo realizado, o país se encontra entre aqueles com maior população de idosos no mundo.
Com o envelhecimento, há uma maior prevalência de doenças neurodegenerativas, como a de Parkinson, que afeta a funcionalidade dessa população. Sendo uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo, pois acomete cerca de 7 a 10 milhões de pessoas .
Um número crescente de publicações científicas de alta qualidade vêm demonstrando que exercícios de reabilitação do tipo treinamento resistido , também chamado de treinamento de força ou , mais conhecidamente , musculação, apresentam resultados muito satisfatórios nas melhoria dos sintomas relacionados à motricidade e ao desempenho neuromuscular.
O Envelhecimento e as Doenças Neurodegenerativas
Organização Mundial de Saúde define que , em países subdesenvolvidos, a população idosa é aquela com idade igual ou superior a 60 anos , enquanto em países desenvolvidos a faixa etária é de 65 anos ou mais .Sabe que o envelhecimento é um processo complexo , multifatorial e irreversível.
Sua primeira descrição em 1817 por James Parkinson, e se caracteriza por ser uma doença progressiva e polissintomática na qual os acometidos podem desenvolver alterações cognitivas, comportamentais e de humor, perdas de função física, além de demência que ocorre em aproximadamente 25 % dos indivíduos afetados.
Essas alterações se iniciam de forma lenta e gradual e tendem a se agravar com o tempo, o que pode reduzir progressivamente a independência funcional do idoso. Juntamente com o envelhecimento, a genética, o ambiente e o estado imunitário, o papel do sexo biológico como fator importante no desenvolvimento da doença de Parkinson tem sido discutido na última década.
Existem características claras relacionadas ao sexo nas características epidemiológicas e clínicas da doença, onde observa-se que a doença afeta os homens com uma frequência duas x maior do que as mulheres, mas as mulheres têm uma taxa de mortalidade mais alta e uma progressão mais rápida da doença.
A fisiopatologia da doença
É caracterizada por perda seletiva de neurônios dopaminérgicos localizados na região do mesencéfalo, na região denominada substância negra , o que leva a redução dós níveis dopamina m um importante neurotransmissor dá modulação neural .A marca histopatológica da doença é o desenvolvimento de inclusões citoplasmáticas conhecidas como corpos de Lewy, agregados proteicos que se concentram principalmente na substância negra ,medula espinhal e no sistema nervoso periférico .
Sintomas motores na doença de Parkinson
Como a bradicinesia, são considerados déficits de movimento típicos da doença, podem ser definidas como velocidade e amplitude de movimento diminuídas, presente na fase inicial em até 80 % dos pacientes. No que diz respeito aos tremores de repouso, frequentemente considerado um sinal patognomônico, pode afetar de 30 a 50 % dos pacientes, geralmente como o primeiro sintoma desenvolvido. Normalmente o tremor é assimétrico, acometendo um lado do corpo, geralmente as mãos, e com a passar dos anos pode afetar o outro lado do corpo.
No que diz respeito à instabilidade postural, sintoma frequente nos estágios mais avançados da doença, evidências científicas a apontam como sendo o resultado do processamento deficiente de entradas sensoriais e de respostas antecipatórias, perturbações da propriocepção, estabilidade reduzida e incapacidade de equilíbrio adequado. A literatura revela ainda que a força e a potência muscular são reduzidas nas pessoas com a doença de Parkinson em comparação com indivíduos da mesma idade ou mais velhos e saudáveis .
Além dos sintomas descritos, a fadiga , definida como cansaço extremo e persistente, fraqueza ou exaustão mental e/ou física é um dos principais sintomas associados e um dos mais incapacitantes que , adicionado ao comprometimento do equilíbrio, aumenta a dificuldade de desempenho da marcha e leva a deficiência e consequente perda da independência funcional do idoso . Os sintomas não motores, afetam a qualidade de vida dos acometidos de forma significativa, devido que a neurodegeneração também pode ocorrer em outras áreas do cérebro, como nos centros de controle autônomo, produzindo alterações deletérias das modulações de vias e transmissões simpáticas e parasimpáticas.
Os sintomas não motores
Os sintomas não motores mais comuns que afetam a qualidade de vida são:
- Fadiga
- Ansiedade
- Dores nas pernas
- Urgência e nictúria
- Sialorreia
- Dificuldade em manter a concentração
Há um consenso que o exercício físico pode melhorar o controle dos sintomas, atrasar a progressão da doença, melhorar a função fisiológica e estrutural do cérebro humano, melhorando assim, a qualidade de vida e independência funcional dos pacientes. Diversos estudos vêm descosturando que o exercício resistido, treinamento de força, musculação, apresentam resultados satisfatórios na melhora dos sintomas de motricidade e desempenho neuromuscular, bem como em sintomas não motores, além de de promover um impacto positivo na qualidade de vida dos idosos.
O tratamento da doença de Parkinson
Embora não tenha cura, há várias opções de tratamento, incluindo medicações e cirurgia. Terapias medicamentosas tais como:
- Medicamentos dopaminérgicos (levodopa)
- Inibidor de descarboxilase
- Agonistas de dopamina
- Anticolinérgicos
- Inibidores de MAO – B
- Inibidores de COMT
Embora os medicamentos para a doença de Parkinson possam ser usados para melhorar a função motora, eles podem perder sua eficiência com o tempo, causar efeitos colaterais ou ambos. Além disso, conforme a doença avança, os níveis de medicações exigidos para o controle da função motora podem causas efeitos colaterais intoleráveis e indesejáveis. A terapia de estipulação cerebral profunda (ECP) é uma terapia de estimulação cerebral que oferece um tratamento ajustável e, se necessário, reversível para a doença de Parkinson. A terapia usa um dispositivo médico implantado, semelhante a um marca-passo, que cria uma estimulação elétrica em regiões precisamente específicas do cérebro. A estimulação dessas regiões permite que os circuitos do cérebro que controlam o movimento funcionem melhor.
Leia também
https://drjoaoboscomoljunior.com.br/2024/06/03/ansiedade-na-terceira-idade/
Uma resposta