Dr. João Bôsco Mól Júnior

Em todo o mundo, ao menos 44 milhões de pessoas vivem com demência, tornando a doença uma crise global de saúde que deve ser resolvida.

Um diagnóstico de Alzheimer muda a vida da pessoa portadora da doença, além da vida de seus familiares e amigos. Atualmente há informações e suporte disponíveis e ninguém precisa enfrentar a doença ou qualquer outra demência sozinha. O Alzheimer é o tipo de demência mais comum e também é um termo geral usado para descrever as condições que ocorrem quando o cérebro não mais consegue funcionar corretamente. 

O Alzheimer causa problemas na memória, pensamento e comportamento. Nos estágios iniciais, os sintomas de demência podem ser mínimos, mas pioram conforme a doença causa mais danos ao cérebro. A taxa de progresso é variável conforme a pessoa, contudo, pessoas portadoras da doença vivem em média até oito anos após o início dos sintomas.

Apesar de não haver atualmente tratamentos que impeçam o progresso da doença de Alzheimer, há medicamentos para tratar os sintomas de demência. Nas últimas três décadas, as pesquisas sobre demência proporcionaram uma compreensão muito mais profunda sobre como o Alzheimer afeta o cérebro.

Hoje em dia, os pesquisadores continuam a buscar tratamentos mais eficientes e a cura, além de formas para impedir a doença e melhorar a saúde cerebral. Problemas com a memória, dificuldade principalmente em lembrar informações recentemente aprendidas, são normalmente os primeiros sintomas da doença.

Conforme envelhecemos, nossos cérebros mudam e podemos ocasionalmente apresentar dificuldades para lembrar alguns detalhes. No entanto, a doença de Alzheimer e outras demências causam uma perda de memória e outros sintomas significativos o suficiente para interferir com a vida diária das pessoas. Esses sintomas não são naturais do envelhecimento. Além da perda de memória, os sintomas incluem:

  • Problemas para completar tarefas que antes eram fáceis.
  • Dificuldades para a resolução de problemas.
  • Mudanças no humor ou personalidade; afastamento de amigos e familiares.
  • Problemas com a comunicação, tanto escrita como falada.
  • Confusão sobre locais, pessoas e eventos.
  • Alterações visuais, como problemas para entender imagens.

Familiares e amigos podem notar os sintomas dessa doença e de outras demências progressivas antes da pessoa que está passando por essas mudanças. Se você, ou alguém que você conhece, está sentindo os possíveis sintomas de demência, é importante buscar uma avaliação médica para encontrar a causa desses sintomas.

As células do cérebro no hipocampo, uma parte do cérebro associada com o aprendizado, são normalmente as primeiras a serem danificadas pela demência. É por isso que a perda de memória, principalmente a dificuldade em lembrar informações recentemente aprendidas, é normalmente o primeiro sintoma da doença.

Idade

O avanço da idade é o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer. A maioria das pessoas diagnosticadas com Alzheimer tem 65 anos de idade ou mais. Apesar de muito menos comum, o Alzheimer prematuro pode afetar pessoas com idade inferior a 65 anos. Estima-se que até 5 por cento das pessoas portadoras de Alzheimer tiveram a doença prematuramente. O Alzheimer prematuro é normalmente diagnosticado de forma errada.

Membros da família com Alzheimer

Se os seus pais ou irmãos desenvolverem Alzheimer, você tem uma maior probabilidade de também desenvolver a doença do que alguém que não tenha um parente de primeiro grau portador de Alzheimer. Os cientistas não compreendem completamente o que causa o Alzheimer nas famílias, mas fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida podem influenciar.

Genética

Os pesquisadores identificaram diversas variações genéticas que aumentam as chances do desenvolvimento da doença de Alzheimer. O gene APOE-e4 é o gene de risco mais comum associado ao Alzheimer; estima-se que ele influencie até 25% dos casos de Alzheimer. Os genes determinísticos são diferentes dos genes de risco, pois eles garantem que a pessoa desenvolverá a doença. A única causa conhecida do Alzheimer é herdando um gene determinístico. O Alzheimer causado por um gene determinístico é raro, e ocorre possivelmente em menos de 1% dos casos de Alzheimer. Quando um gene determinístico causa Alzheimer, recebe o nome de “doença autossômica dominante de Alzheimer (ADAD, na sigla em inglês).

Deficiência Cognitiva Leve (DCL)

Os sintomas da DCL incluem alterações na capacidade de pensar, mas esses sintomas não interferem com a vida cotidiana e não são tão graves como os causados por Alzheimer ou outras demências progressivas. Portar DCL, principalmente DCL que envolva problemas de memória, aumenta o risco de desenvolvimento de Alzheimer e outras demências. Entretanto, a DCL nem sempre é progressiva. Em alguns casos ela pode ser reversível ou se manter estável.

Doença cardiovascular

As pesquisas sugerem que a saúde do cérebro está fortemente relacionada com a saúde do coração e dos vasos sanguíneos. O cérebro obtém do sangue o oxigênio e nutrientes necessários para o seu funcionamento normal, e o coração é o responsável por bombear sangue para o cérebro. Portanto, fatores que causam doenças cardiovasculares também podem estar relacionados com um maior risco de desenvolvimento de Alzheimer e outras demências, incluindo fumar, obesidade, diabetes, alto colesterol e alta pressão sanguínea na meia-idade.

Educação e Alzheimer

Estudos associaram menos anos de educação formal com um maior risco de Alzheimer e outras demências. Não há um motivo claro para essa associação, mas alguns cientistas acreditam que mais anos de educação formal podem ajudar a aumentar as conexões entre os neurônios, permitindo ao cérebro o uso de rotas alternativas de comunicação entre os neurônios ao ocorrerem mudanças relacionadas com o Alzheimer e outras demências.

Não existe um simples exame que indique se a pessoa é portadora de Alzheimer. O diagnóstico requer uma ampla avaliação médica, a qual pode incluir:

  1. Histórico médico da sua família
  2. Exame neurológico
  3. Testes cognitivos para avaliar a memória e o pensamento
  4. Exame de sangue (para descartar quaisquer outras possíveis causas dos sintomas)
  5. Imagiologia cerebral

Apesar de os médicos normalmente conseguirem determinar se a pessoa é portadora de demência, pode ser mais difícil distinguir o tipo da demência. Erros de diagnósticos são mais comuns em Alzheimer prematuro. Receber um diagnóstico preciso durante a fase inicial da doença é importante, pois permite:

  • Uma maior probabilidade de se beneficiar dos tratamentos disponíveis, os quais podem melhorar a qualidade de vida
  • A oportunidade de receber serviços de ajuda
  • Uma oportunidade de participar de testes e estudos clínicos
  • Uma oportunidade de expressar desejos pessoais em relação aos cuidados e vida futura
  • Colocar planos legais e financeiros em ordem

Embora atualmente não existam tratamentos disponíveis para impedir ou diminuir o ritmo dos danos cerebrais causados pela doença de Alzheimer, diversos medicamentos podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas de demência em algumas pessoas. Esses medicamentos funcionam aumentando os neurotransmissores no cérebro.

Os pesquisadores continuam a buscar formas de melhor tratar esta doença e outras demências progressivas. Atualmente, estão em andamento dezenas de terapias e tratamentos farmacológicos com foco em impedir a morte das células cerebrais associadas ao Alzheimer. Além disso, o uso de sistemas de apoio e intervenções comportamentais não farmacológicas pode melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de demência e de seus cuidadores e familiares. Isso inclui:

  • Tratamento de condições médicas coexistentes
  • Coordenação dos cuidados entre profissionais da saúde
  • Participação em atividades, o que pode melhorar o humor
  • Intervenções comportamentais (para ajudar com as mudanças comportamentais comuns, como agressão, insônia e agitação)
  • Educação sobre a doença
  • Criação de uma equipe de cuidados para suporte

Cuidar de alguém com a doença de Alzheimer ou outra demência pode ser tanto gratificante como desafiador. Nos estágios iniciais da demência, a pessoa pode permanecer independente e necessitar de muito pouco cuidado. No entanto, conforme a doença progride, os cuidados precisarão ser intensificados, finalmente resultando na necessidade de assistência em todos os momentos.

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