Dr. João Bôsco Mól Júnior

Condição afeta até 10 % da população idosa da comunidade e até 30 % dos idosos hospitalizados.

A depressão é um distúrbio do humor característico por sintomas psicológicos, comportamentais e físicos. Afeta até 10 % da população idosa da comunidade e até 30 % dos idosos hospitalizados. Nos pacientes afetados com por AVC, infarto do miocárdio ou câncer a prevalência de depressão pode chegar a. 40%.

A doença está associada ao aumento da mortalidade, do risco de suicídio e do desenvolvimento de demência. Os principais critérios diagnósticos, de acordo com o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM- V): Humor deprimido, perda interesse ou do prazer, agitação perda ou ganho de peso, insônia, fadiga, sentimento de inutilidade, redução da capacidade de pensar e concentrar -se e pensamento de morte ou suicidas.

A maior se caracteriza pela presença obrigatória de ao menos cinco desses sintomas, sendo obrigatórios o primeiro e o segundo deles. Os sintomas devem estar presente ao menos por duas semanas. A depressão nos idosos costuma diferir daquela o observada nos jovens. É habitual encontrarem-se mais sintomas físicos que psicológicos. É comum identificar-se depressão subsindrômica, apenas com leve humor deprimido e tendência a queixas de memória, o que justifica o subdiagnóstico de muitos pacientes.

Estes idosos, em geral, procuram atendimento médico com queixas físicas generalizadas e persistentes, sendo submetidos a múltiplos exames complementares sem que seja obtido diagnóstico preciso e tratamento adequado. São menos frequentes as queixas subjetivas do humor e mais reiteradas alterações como anedonia, dores físicas, falta de ar, tonturas com sensação de cabeça vazia, distúrbios do sono, do apetite, da cognição e do comportamento, com sintomas ansiosos e risco de surgimento de alcoolismo.

Á Escala de Depressão Geriátrica- GDS, é um instrumento desenvolvido para o diagnóstico de depressão na população idosa e pode ser preenchido pelo próprio paciente

Os principais fatores de risco para depressão nos idosos:

  • sexo feminino
  • isolamento social
  • viuvez ou separação
  • baixo nível socioeconômico
  • comorbidades
  • insônia
  • dor crônica
  • baixa funcionalidade
  • declínio cognitivo

O tratamento quando não realizado, aumenta mortalidade, reduz a adesão à tratamentos de outras doenças clínicas e aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Apenas um terço dos pacientes é tratado adequadamente, com fármaco e psicoterapia.

A psicoterapia, em especial, é útil no tratamento da depressão nos idosos. Para quadros de depressão leve, a atividade física pode ser um bom recurso, principalmente se existirem sintomas ansiosos associados.

Com relação ao tratamento farmacológico, deve ser indicado nos casos moderados e graves de depressão. Deve ser iniciado sempre em monoterapia. Podem ser utilizados, basicamente, antidepressivos e estabilizadores de humor, evitando -se o uso dê benzodiazepínicos.

Nos casos de insônia, preferir hipnóticos não benzodiazepínicos, como o Zolpidem ou antidepressivos moduladores de serotonina, como a trazodona. As drogas antidepressivas apresentam perfil de eficácia semelhante entre si. Dessa forma, serão selecionadas tendo em vista seu perfil de efeitos colaterais.

Com relação á terapêutica farmacológica deve – se cuidar para evitar a ocorrência tanto de subtratamento quanto de supertratamento. Para Evitar o subtratamento é necessário rever periodicamente as drogas, suspender ou trocar se necessário, e organizar um planejamento terapêutico, que reconheça a resposta clínica ao medicamento, a remissão, a recaída e a recorrência.Para evitar o supertratamento, buscar orientar a terapêutica não exclusivamente pela intervenção medicamentosa, julgar de forma crítica quais os limites e os benefícios do uso de medicações para cada paciente, levando em conta os efeitos adversos e, principalmente, não confundir depressão com tristeza.

A tristeza é um sentimento e, como tal não deve ser interpretado como doença ou medicado. As medicações devem ser iniciadas em doses baixas e reavaliadas após 4 a 6 semanas de uso, quanto á manutenção, ajuste de dose ou substituição. Deve – se lembrar que, após a primeira tentativa de tratamento, ainda 50 % dos pacientes não terão se recuperado, exigindo mudança do esquema terapêutico.

A resposta completa a um antidepressivo é mais lenta nos idosos e costuma ser menos robusta que aquela observada nos pacientes mais jovens. Após 8 semanas de tratamento na fase aguda, se houver adequada resposta, segue-se uma etapa de 4 a 9 meses, de prevenção de recaídas e recuperação de funcionamento psicossocial. A depressão quando não tratada adequadamente se torna crônica e de mais difícil manejo, condicionado perdas funcionais e comportamento desadaptado

Leia também https://drjoaoboscomoljunior.com.br/2024/06/03/alzheimer-e-demencia/

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *